sábado, 21 de dezembro de 2019

Sathya Sai Baba, o Mestre que reside em meu coração

Sathya Sai Baba, o Mestre que reside em meu coração
Gonçalo Vicente de Medeiros atuou como analista de sistemas e em treinamento de pessoal em órgãos governamentais do Brasil por 33 anos. Em 1986, fez a primeira de suas 61 viagens à Índia e teve também a sua primeira entrevista com Swami. Na Organização Sai, foi Diretor da Fundação Sai Baba do Brasil e Coordenador Nacional de Educação. Por determinação de Swami trabalha levando a Educação em Valores Humanos por todo o Brasil e fundou, em 1993, o Instituto de Educação em Valores
Humanos, pelo qual os ensinamentos de Sai Baba foram levados a mais de 30.000 professores, atingindo também incontáveis alunos e familiares. Em 2018 Swami em seu Corpo Sutil visitou sua casa, no Rio de Janeiro, e Gonçalo prepara agora Sua próxima visita, programada para 2020.
Dizem que só se entra no caminho espiritual por dois portais: o portal da sabedoria ou o portal da dor. Eu passei anos e anos sofrendo com crises absurdas de enxaqueca numa cansativa peregrinação por diversos médicos e terapias. Até que, durante essa longa busca, tive a intuição, ou iluminação, de que todos os meus problemas cessariam quando eu encontrasse o Mestre, e que esse Mestre era da Índia, era um Mestre que não teve Mestre porque nasceu pronto. Um Mestre que estava trazendo um novo caminho de evolução para a humanidade. E eu sabia também que só deveria ir à Índia levado por alguém que já o conhecesse, porque do contrário não O encontraria.
Os anos se passaram e, em 1985, um médico conhecido passou a frequentar o grupo de meditação em minha casa. Certa vez ele comentou que o professor Hermógenes estava programando uma viagem à Índia, que passaria pelo Ashram onde um Mestre materializava energia cósmica. Tive grande curiosidade em saber que Mestre era esse, e me recomendaram o livro Sai Baba: O homem dos milagres, de Howard Murphet. Na leitura das primeiras páginas logo entendi que era Ele o Mestre que eu tanto ansiava encontrar.
A partir daí passei a invocar Sai Baba nas minhas meditações semanais, e assim fui me harmonizando com Sua presença e me preparando para um dia encontrá-lO fisicamente.
Em janeiro de 1986, eu finalmente fui com um grupo à Índia. Depois de percorrer os pontos turísticos fomos para Puttaparthi e nos alojamos dentro do Ashram. Eu estava lá há quatro dias quando, pela manhã, Sai Baba parou na minha frente e perguntou:
– De onde vocês são? – Do Brasil.
– Quantos são?
– 23.
E, então, Sai Baba pronunciou o tão esperado Go!, significando que fomos selecionados para uma entrevista.

Fui o primeiro a entrar na sala e me sentei o mais próximo possível de Sua cadeira. A seguir Sai Baba entrou e nos perguntou: “Qual a maior força do Universo?” Foram várias as respostas indicando as forças da natureza, mas, no final, Sai Baba respondeu que a maior força do Universo era a devoção de um devoto. Disse Ele: “Eu estou além da criação dos cinco elementos, e a devoção de um devoto me aprisiona.”
Em seguida ele perguntou: “Como se pode viver Deus no dia a dia?” Cada um deu sua indicação, grande parte dizendo que se deve combater esta ou aquela emoção. No final, Sai Baba ensinou: “Para se viver Deus no dia a dia basta três coisas: só ver o bem, só ouvir o bem, só falar o bem.”
Então o Mestre disse que iria dar amritha, o néctar dos deuses, a cada um dos presentes. Ele pediu que um jovem se sentasse mais à frente e abrisse a mão espalmada. Ele posicionou Sua mão no ar e todos nós pudemos assistir maravilhados a materialização acontecendo exatamente no centro de Sua mão. Conforme o volume do amritha aumentava, caía na mão do jovem. Quando se formou certo volume, então Sai Baba se levantou da cadeira, e com Suas próprias mãos distribuiu uma porção da amritha equitativamente pelos 23 brasileiros presentes. Ainda hoje, ao contar e relembrar esse dia, o dia em que pude olhar meu Mestre nos olhos pela primeira vez e sentir profundamente Sua presença, a emoção me invade.
Em 1989, entreguei uma carta a Swami solicitando que Ele me conduzisse ao estado de compreensão que eu tanto buscava na vida. Dizia na carta que não me importava a quantidade de problemas, ou dores que tivesse na vida, desde que no final eu alcançasse a compreensão que buscava. Sua resposta foi que essa compreensão chegaria quando eu O instalasse em meu coração. Neste exato momento, há 30 anos, se iniciou minha comunicação com Swami em forma sutil, que permanece inabalável até hoje.
No ano seguinte, novamente na Índia, a energia da Paz começou a fluir em mim. Era uma emoção tão magnífica, tão extasiante, que eu chorei seguidamente durante três dias. Uma noite, no estado de choro, ao consultar Swami em mim sobre quando eu deixaria de chorar, Ele respondeu: “Quando se acostumar com a energia.”
Numa outra viagem, em 1991, parei em um bebedouro público em um dia extremamente quente. Na Índia é costume um só copo que é utilizado por várias pessoas, porque eles bebem sem encostar os lábios no copo. Havia muitas crianças brincando e, quando fui pegar o copo, um menino parou de brincar, se aproximou, pegou aquele copo, lavou, encheu de água e me serviu com o corpo, com o emocional. Com ele todo. Com a plenitude da gentileza. Ali eu percebi que não fui educado para ser gentil com a mesma energia emanada pelo menino, nem mesmo nos bancos da faculdade de Filosofia. E naquele mesmo dia encontrei o livro Sathya Sai Baba: Educação em Valores Humanos – Manual para Professores, com 25 aulas sobre a prática dos sentimentos luminosos.
Hoje percebo que foi nesse momento que minha missão com Swami, a missão que Swami entregou a mim, foi estabelecida. No dia seguinte, durante o darshan, Ele falou dentro de mim para levar o conhecimento dos Valores Humanos para escolas particulares e públicas do Brasil, fazer vídeos e dar palestras.
Voltei ao Brasil, comecei a ter contato com inúmeros professores e percebi que ninguém jamais havia ouvido falar em Valores Humanos. Na verdade, eu mesmo me sentia

angustiado ao falar sobre o tema. Eu conhecia os Valores Humanos pelas palavras, mas as células do meu corpo não haviam experimentado a energia correspondente.
No ano seguinte estive novamente na Índia para um encontro sobre Valores Humanos e o discurso de Swami sobre o tema se tornou meu livro de cabeceira. Foi quando eu entendi que teria ainda um longo caminho de preparação para lecionar Valores Humanos.
Recebi no Brasil o casal Antonio e Sylvie Craxi para uma série de cursos sobre Educação em Valores Humanos e, assim, avancei um pouco mais na minha formação, mas ainda carecia ser um exemplo.
Passei a fazer viagens ao Ashram com frequência para receber de Swami os ensinamentos pelos quais cada um dos Valores Humanos pudesse ser despertado em mim. Só assim eu poderia alcançar um dos pilares dos ensinamentos, que é o de transmitir os Valores por radiação.
Segui a missão recebida de Swami percorrendo todo o Brasil e um dia, durante uma palestra para alunos de pedagogia de uma universidade, perguntei ao auditório quem aprendera a gostar de si mesmo. Tamanha surpresa tive quando uma das alunas me respondeu com uma pergunta: “Professor, gostar de si mesmo não é uma forma de egoísmo?” Com essa resposta eu compreendi imediatamente porque a juventude naquela época (e ainda hoje, como sabemos) andava tão sem rumo... E, então, eu perguntei a mim mesmo se, a despeito de amar o próximo, eu já havia aprendido a gostar de mim. E percebi que não.
Foi um choque de realidade que me levou a gostar de mim tal qual eu sou, com todas as qualidades e todas as imperfeições. Sobretudo compreendi que, quando alguém ama a si mesmo, na verdade, está amando não as qualidades ou as limitações do corpo, mas o próprio Ser que está no coração. Porque o Amor Universal só flui a partir do Ser. E quando essa ligação interna é permanente, o fluir do Amor abarca a todos, humanos, animais, vegetais... todos!
O maior ensinamento que recebi foi que eu só poderia verdadeiramente amar Swami quando eu aprendesse a amar a mim mesmo.
Aprendida e vivenciada a lição de Valores Humanos, em abril de 1993 foi criado no Brasil o hoje Instituto de Educação em Valores Humanos, cumprindo a determinação direta de Swami, que é para mim uma imensa honra. Desde então formamos mais de 30.000 professores em escolas particulares e governamentais de vários estados brasileiros. Com o aprendizado do que é verdadeiramente a Paz, a Alegria interna sem motivo, tendo sentido o Amor fluir por todas suas células, os professores ficam aptos a transmitir essa mesma experiência para seus alunos. E em todo esse trabalho a propagação do Valores aconteceu no boca a boca.
Tudo que pude experimentar com o Instituto só me ensinou mais e mais. Realço o ineditismo de contar com a participação da Unesco em quatro dos treinamentos – nos estados do Paraná, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Também demos formação em Educação em Valores Humanos para juízes da infância e juventude e seus assessores de todo um estado e treinamento para educadores de presídios de menores infratores, além de colégios de padres e freiras e grupos de budistas e espíritas kardecistas e candomblecistas.

No exterior, realizamos formação de professores no México, palestra na North Park University em Chicago, USA. Na Conferência de Paz na Tailândia, os monges budistas apresentaram como desenvolvem os Valores através dos ensinamentos de Buda, e eu apresentei como dois municípios inteiro praticavam a Paz em todas as escolas públicas aplicando a pedagogia de Sathya Sai Baba. Em Luxemburgo, tivemos a oportunidade de apresentar o programa de Valores Humanos para profissionais que trabalham com responsabilidade social em empresa siderúrgica.
O público que participa das formações é bem diversificado e inclui iletrados e doutores, e todos ficam sempre em êxtase e deslumbrados ao se fundirem com a Luz infinita que emana do Ser. Quando me questionam qual a minha religião, sempre digo que é o Amor, o propósito de todas as religiões.
Em 2018 fui o anfitrião da divina visita de Swami em seu Corpo Sutil ao Brasil, e a casa onde moro foi consagrada “Casa Sai Amor” por Ele. Desde então, por Sua determinação, promovo aqui uma cerimônia devocional nos sábados de Lua Cheia. E a casa passou a sediar também a formação de Educação em Valores Humanos. Em Sua visita, Swami mencionou que a frequência na Casa Sai Amor não seria de apenas devotos, e realmente observo que seguidores de várias denominações religiosas têm participado das cerimônias mensais. Somente este ano já passaram por aqui 102 pessoas para a formação em Valores Humanos.
Na verdade, todas as oportunidades que se abriram para propagar os Valores Humanos no Brasil e no exterior vieram através de Swami, e todos os treinamentos foram dados pelo próprio Swami, que é o Mestre residente em meu coração e que flui por todo o meu Ser.
Estar frente a frente com seu próprio Ser é o que há de mais magnífico no mundo, é entrar em comunhão com o próprio processo de vida. Ninguém encontra Deus fora do próprio coração. Ninguém encontra Swami fora do próprio coração. Amar a si mesmo e ter Swami no coração te abre o mundo.

Gonçalo Vicente Medeiros
Sri Sathya Sai Uvacha - volume XI, em 23 de novembro 2019, dia de seu aniversário:*




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